EXCELÊNCIA EM REABILITAÇÃO VISUAL COM LENTES DE CONTATO ESPECIAIS

Pesquisar este blog

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

As novas Lentes de Contato Esclerais

Um breve histórico


Apesar do conceito de lentes esclerais ser antigo e nos reportar ao século 19, quando foram inicialmente desenvolvidas como as primeiras lentes de contato, foi no final do século 20 que elas começaram a ser feitas em materiais mais modernos e sofisticados, permitindo seu uso por um número de horas maior. A versão antiga não possibilitava uma boa oxigenação da córnea e por causar hipoxia corneana levava ao edema de córnea, limitando seu uso para algo em torno de 4 a 6 horas.
Com o advento dos novos materiais de altíssima oxigenação e com desenhos mais modernos, atualmente as lentes esclerais e semiesclerais proporcionam um número de horas de uso bem maior, possibilitando aos pacientes o uso por mais de 12 horas contínuas. Em alguns casos mesmo com estes materiais de alta oxigenação se as lentes não possibilitarem uma adequada troca lacrimal os mesmos problemas referentes à hipoxia corneana poderão ser observados.

As lentes Esclerais SB e Semiesclerais SSB

Neste sentido a Ultralentes desenvolveu de forma pioneira as lentes semiesclerais SSB e as lentes esclerais SB com uma tecnologia chamada Spline Wave Technology que possibilita a troca lacrimal necessária para que o fluído entre a lente e a córnea possa ser adequadamente renovado e assim garantir uma hidratação e oxigenação adequadas mantendo a saúde fisiológica corneana.  O lançamento oficial disponibilizou estas lentes aos oftalmologistas credenciados e certificados na Ultralentes foi em 30 de Julho de 2009. Naturalmente que o alto valor das lentes de teste e o aprendizado necessário para esta diferente técnica de adaptação faz com que estas lentes demorem até ampliar sua disponibilidade mas aos poucos ela estará disponível junto aos mais experientes e dedicados especialistas credenciados que devem certificar-se para estas adaptações.



Paciente com ceratocone pós-implante de anel intraestromal
adaptado com a lente Ultracone SSB. Cortesia IOSB



O conceito da adaptação das lentes esclerais basicamente é manter a lente totalmente afastada da córnea e do limbo sem qualquer toque, com uma zona chamada háptica que perifericamente repousa suavemente sobre a esclera. Ao colocar a lente o paciente deve preencher a lente com um fluido, uma solução salina sem preservativos (conservantes) para evitar a toxicidade presente nos conservantes o que à longo prazo pode gerar complicações para o paciente.

Indicações das Lentes Esclerais e Semiesclerais
As principais indicações para a adaptação das lentes esclerais são muitas, desde córneas irregulares como ceratocone, ceratocone pós-implante de anel, ceratoglobo, degeneração marginal pelúcida, pós-transplante de córnea, pós-cirurgias refrativas e pós-trauma. Além da utilização como meio de correção visual para casos de alta complexidade estas lentes possibilitam o uso terapêutico em uma série de patologias que afetam a superfície ocular.

Lente Ultraflat Semi-Scleral Bastos (SSB) adaptada em
caso de pós-transplante de córnea. Cortesia IOSB


Uma indicação terapêutica muito comum é a síndrome de olho seco, apesar de ainda não ser popular como se trata de uma tecnologia que é novidade para estas pessoas, a lente escleral possibilita ao paciente que sofre com olho seco livrar-se da necessidade de instilar colírios lubrificantes e ficar dependente dos mesmos. O fluido sem conservantes mantido entre a lente e a córnea garante a hidratação permanente da córnea resolvendo este problema com grande eficiência, segurança e conforto.

Pacientes com Síndrome de Sögren, Síndrome de Stevens Johnson e outras patologias que afetam a mucosa ocular podem beneficiar-se imensamente do uso destas lentes. Caso estes pacientes tenham alguma necessidade de correção visual as lentes poderão igualmente proporcionar a correção necessária para uma acuidade visual de alta qualidade.
Outra indicação importante destas lentes esclerais é a sua utilização em pacientes com intolerância absoluta a lentes de contato RGPs (rígidas), estes são beneficiados pelo extremo conforto que as lentes esclerais proporcionam. Além de uma hidratação constante da córnea estas lentes não tocam as áreas sensíveis da córnea e do limbo provendo total afastamento. Os pacientes com astigmatismos e ametropias elevadas podem obter uma ótima correção visual bem melhor do que a proporcionada pelas lentes gelatinosas.

Os pacientes que eram ou são usuários de lentes hidrofílicas gelatinosas ou descartáveis e que desenvolveram intolerância alérgica com o tempo (costumam apresentar olhos vermelhos e sensação de irritação ocular também são bons candidatos ás lentes esclerais. Os pacientes que são usuários de lentes rígidas e que sempre tiveram boa adaptação mas, que por uma menor produção de lágrimas estejam passando por dificuldades para usarem suas lentes também são ótimos candidatos ao uso das lentes semiesclerais e esclerais pois quando a lente é colocada nos olhos ela é preenchida em sua totalidade por um fluido sem conservantes que promove o bem-estar geral e a manutenção do equilíbrio fisiológico da córnea, proporcionando muito conforto e a ótima visão que somente as lentes rígidas proporcionam.


A experiência no IOSB

Nossa experiência no Instituto de Olhos Dr. Saul Bastos (IOSB) começou em 2007 quando os primeiros pacientes foram adaptados com as novas lentes semiesclerais fabricadas por laboratórios americanos, desde então a Ultralentes passou a fazer protótipos para comparação e em 2008 as lentes esclerais e semiesclerais foram testadas nos pacientes já usuários das lentes importadas bem como novos pacientes foram analisados utilizando-se a técnica do teste duplo cego cruzado para uma comparação sem influência sobre os resultados apresentados. Para nossa surpresa, os resultados foram excelentes desde o início e pudemos compreender que nosso conhecimento e tecnologia em lentes de contato RGPs corneanas de alta qualidade e tecnologia, tiveram importante papel para que pudéssemos desenvolver os desenhos de lentes RGPs semiesclerais e logo em seguida lentes esclerais  com alta qualidade e tecnologia. Abaixo um vídeo comparativo de adaptação da lente RGP corneana Ultracone Extreme e da Ultracone SSB.



Vídeo comparativo entre a lente Ultracone Extreme e da Ultracone SSB
em um caso de ceratocone muito avançado. Cortesia IOSB.


Hoje o IOSB possui uma casuística de mais de cerca de 250 casos de adaptação destas lentes e o mais interessante é que sem complicações significativas. Os únicos casos que houve a necessidade de modificar a lente para uma melhor adaptação foram de um paciente apresentava sensação demasiada da lente sob a pálpebra superior, nós alteramos um pouco o desenho e afinamos a porção superior da lente de maneira que o problema foi resolvido. Outro paciente apresentou início de edema de córnea e bastou uma modificação no desenho da lente com a incorporação da tecnologia ‘Spline Wave Technology’ para que o problema fosse resolvido adequadamente.

Colocando e retirando lentes esclerais
A maior dificuldade encontrada por alguns pacientes é aprender a colocar suas lentes o que não é uma tarefa difícil levando-se em conta que é necessário em primeiro lugar um treinamento adequado do paciente, orientação e da parte do paciente a disposição e a determinação em aprender. Depois de dominada a técnica de inserir a lente que deve ser feita de baixo para cima, o paciente não têm mais dificuldades em colocar a lente e o faz de forma muito tranqüila. O paciente deve ser orientado a observar se após colocar cada lente se não há presença de bolha ou bolhas o que é contra-indicado, não pode haver bolha de ar entre a lente e o olho.

Para retirar a lente escleral o paciente utiliza uma ventosa própria para lentes de contato que produz um efeito de pressão negativa e gruda na lente. Para as lentes semiesclerais SSB de diâmetros entre 14.5 mm. e 17.5 mm. indicamos o uso das ventosas de lentes rígidas DMV Ultra que servem perfeitamente para retirar a lente, no caso de lentes de diâmetros maiores como as lentes esclerais de diâmetros acima de 18 mm nós recomendamos a utilização da Scleral Cup Ultra pois esta possui maior poder de sucção e fica mais firme na hora de retirar uma lente de maior tamanho. Nunca deve ser utilizado  o centro da lente como apoio para pressionar a ventosa e sim sempre uma área periférica geralmente próxima da pálpebra inferior, nesta posição a lente pode ser retirada delicadamente sem necessidade de forçar, o que pode ser desconfortável para o paciente.
A adaptação de lentes esclerais e semiesclerais feita no IOSB nos últimos quatro anos tem mostrado que a técnica proporciona excelentes resultados, pode-se dizer que a adaptação destas lentes tem indicação segura em qualquer caso desde que a córnea esteja saudável e a microscopia especular indique uma contagem de células endoteliais dentro da normalidade.


Controle sobre a adaptação

O controle inicial das adaptações deve ser feito desde o início do processo para que de tempos em tempos possa ser analisado o caso, especialmente se o equilíbrio fisiológico corneano está sendo mantido. O fato de termos estudado o assunto exaustivamente nos últimos nove anos (desde 2003) foi decisivo para que pudéssemos desenvolver desenhos de lentes esclerais e semiesclerais de última geração, são desenhos modernos com uma tecnologia própria e que possui diferenciais únicos, propriedade industrial da Ultralentes.

Após testar diferentes modelos e marcas de lentes é possível identificar os diferenciais tecnológicos obtidos tanto com as lentes Ultracone SB e Ultracone Thruster SSB como o modelo de lentes Ultraflat SB e Ultraflat SSB. A diferença entre a SSB e a SB está basicamente nos diâmetros, a Semi-Scleral Bastos (SSB) pode ter de 14.5 a 17.5 mm. e a Scleral Bastos pode ter diâmetros de 18 a 21.5 mm. Os materiais utilizados são de três fabricantes diferentes que produzem matéria-prima de lentes gás permeáveis de alta tecnologia com altíssima oxigenação.

O futuro da adaptação de lentes de contato
O futuro da adaptação de lentes de contato passará inevitavelmente pelas novas lentes semiesclerais e esclerais mas será necessário muito estudo e preparo por parte dos especialistas por se tratar de uma técnica completamente diferente da aplicada para as lentes RGPs corneanas. Embora curva-base e diâmetros possam ser trabalhados de maneira a obter a melhor adaptação será necessário compreender como obter uma boa adaptação escleral onde a zona háptica da lente deve repousar suavemente sobre a conjuntiva que recobre a esclera sem causar pressão sobre os vasos para-límbicos e ao mesmo tempo evitar o “seal-off” que pode gerar uma hipoxia tardia e complicações na adaptação.

Esta “nova” técnica de adaptação é extremamente promissora, entretanto prevejo que muitos especialistas terão casos de pacientes com algum tipo de complicação. Neste momento a orientação técnica, o suporte e a consultoria especializada são de fundamental importância para o sucesso.
As lentes esclerais e semiesclerais podem substituir em muitos casos a adaptação de lentes de contato gelatinosas e descartáveis pelo conforto que proporcionam ao paciente e especialmente por serem mais seguras e proporcionarem uma acuidade visual de melhor qualidade. Embora seu custo seja maior são lentes que bem cuidades podem ter uma vida útil de mais de três anos. Por este motivo é importante recomendar expressamente ao paciente que faça revisões freqüentes no início da adaptação e de ao menos uma vez a cada 12 meses no decorrer da adaptação bem sucedida. O controle representa uma parte importante do processo e deve visar unicamente a segurança e o bem estar do paciente.
Um 2012 melhor para todos, com saúde paz, prosperidade mas principalmente com boa visão, conforto e segurança.
Luciano Bastos