EXCELÊNCIA EM REABILITAÇÃO VISUAL COM LENTES DE CONTATO ESPECIAIS

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sábado, 3 de outubro de 2015

Ceratocone após LASIK

Figs.1: Corte do flap corneano

O diagnóstico correto é Ceratoectasia Iatrogênica Pós-Lasik. 

De fato é uma ectasia bastante similar ao ceratocone induzida posteriormente a no caso a cirurgia de miopia pela técnica do Lasik (Laser Assisted In Situ Keratomileusis). Nesta técnica o corte do flap para aplicação da fotoablação a laser corta também no processo inúmeras fibras de colágeno corneano, diminuindo assim substancialmente a resistência biomecânica da córnea. Alguns cirurgiões tem utilizado o prcedimento do "crosslinking" como forma de aumentar a resistência biomecânica da córnea logo após o precedimento do Lasik. Seria uma forma de assegurar resultados melhores em córneas com espessuras menores onde o risco da ceratoectasia é maior. Em alguns casos a cirurgia pela técnica do PRK não gera o problema.


O crosslinking é uma boa alternativa mas posteriomente a adaptação de lentes RGPs ou esclerais é uma alternativa bem mais saudável e que melhor reabilita a visão. Implante de anel pode ser sugerido, não acho uma boa ideia no entanto alguns pacientes podem ceder a tentação de ter seu problema resolvido sem necessidade de adaptar lentes. Dificilmente o implante de anel pode superar a qualidade de visão que lentes proporcionam, é melhr ter o máximo de informações antes de tomar uma decisão.

 Fig. 2: Aplicação do laser
A ectasia pós-Lasik pode ser tardia, temos casos no IOSB de pacientes que nos procuraram cerca de 8 a 10 anos depois da cirurgia, outros foram em menos tempo. Uma das carcterísticas da ectasia pós-lasik é que a mesma se encontra geralmente bem centralizada ou ligeiramente próxima ao eixo visual onde foi realizada a ablação e onde a córnea teve o maior compromentimento visual. Começa com um retorno da miopia e astigmatismo leve, se fizer procedimento posterior de retoque a situação piora ainda mais. 

Atualmente a incidência deste tipo de complicações tem diminuido graças a precaução maior (após muitos casos aparecerem) e dos exames mais precisos que são feitos para detectar possíveis contraindicações e riscos.

Os oftalmologistas cirurgiões contam hoje com exames mais sofisticados como a tomografia de segmento anterior, eles são bem mais precisos e completos para uma análise da córnea para identificar possíveis contraindicações ou riscos para uma cirurgia refrativa. Embora estes exames em especial o Pentacam que temos maior experiência proporcionem dados de paquimetria corneana (espessura da córnea) com bastante precisão a paquimetria ultrassônica ainda é considerada o padrão-ouro para paquimetria, devendo este exame ser a referência para esta medição.


O Instituto de Olhos Dr. Saul Bastos não realiza cirurgias refrativas, nosso trabalho consiste na reabilitação visual daqueles pacientes que tem defeitos refrativos graves como altas ametropias ou córneas irregulares como ceratocone, ceratoectasia, pós-transplante de córnea, pós-implante de anel corneano e de adaptação de lentes especiais para tratamento terapêutico de pacientes com síndrome de olho seco. O Dr. Marcelo Bittencourt é o médico responsável pelas adaptações de todas as lentes de contato de diversos laboratórios.


Fig.3: Lente escleral de diâmetro 19.5mm



Instituto de Olhos Dr. Saul Bastos
Dr. Marcelo Bittencourt - CREMERS 9683
Diretor Clínico

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domingo, 11 de janeiro de 2015

Ceratocone: Projeto Visão 20/15

Fig.1: Censo 2010 - IBGE
O ceratocone é uma patologia da córnea que afeta a visão de dezenas, centenas de milhares de pessoas no mundo. A bibliografia mais atual sugere que a patologia ocorre entre uma a cada 1500 a 2000 pessoas, se dentro desta estatística temos aproximadamente no Brasil 191 milhões de habitantes (segundo censo realizado pelo IBGE em 2010 - Fig.1) é possível existir cerca de 127 mil pessoas com ceratocone. Destes pacientes muitos tem grande dificuldade em obter um atendimento adequado, especialmente devido a falta de investimentos na saúde pública. Os pacientes que tem condições financeiras de tratar-se procuram via de regra especialistas através dos convênios médicos e atendimento particular. No entanto grande parte tem que recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS) através hospitais públicos ou filantrópicos para obter orientações e tratamento.


A disponibilidade de atendimento ao paciente com ceratocone

Mesmo que a população toda tivesse acesso a todos os oftalmologistas disponíveis no Brasil, e não são poucos (cerca de 16 mil oftalmologistas, segundo censo de oftalmologistas realizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia - 2011)  a sub-especialidade para tratar pacientes com ceratocone é segmento anterior e uma sub-especialidade testa por suas vez é córnea. Apenas parte dos especialistas dedicam-se a estas áreas. Mesmo com os especialistas em córnea disponíveis, há grande parte que dedicam-se a áreas mais restritas, que poderiam ser chamadas sub-especialidades dentro da sub-especialidade da córnea, seja a cirurgia refrativa e tratamentos para ceratocone por exemplo. No caso do ceratocone que é o que interessa aqui, alguns profissionais tem uma orientação e interpretação por métodos não invasivos como a adaptação de lentes de contato especiais, outros dedicam-se a métodos minimamente invasivos tais como implante de anel intraestromal, crosslinking e outros métodos combinados. Uma observação que tenho feito é que não há realmente um consenso de qual o método para determinar o melhor tratamento embora exista uma linha de interpretação onde a baixa visão provocada pelo ceratocone deve ser primariamente com óculos sempre que possível, depois com lentes de contato ou métodos cirúrgicos. O transplante de córnea vem por último sempre como o último recurso a ser invocado por uma série de razões que vão desde a possibilidade do paciente enfrentar uma rejeição ao transplante e uma série de possíveis intercorrências que podem advir no tratamento desta rejeição. Outra possibilidade que pode ocorrer após o transplante e sua total cicatrização é a presença de astigmatismo irregular elevado devido a diferenças de força ocorridas durante o processo de cicatrização.   

O papel das lentes de contato especiais no ceratocone

Interessante e importante mencionar que atualmente com o desenvolvimento de lentes rígidas gás permeáveis (RGPs) especiais cada vez mais sofisticadas e com o advento das modernas lentes esclerais a opção de adaptação de lentes de contato no ceratocone é ainda mais importante pois é de todos os métodos para reabilitação visual do paciente a que proporciona os melhores resultados, isso é incontestável. Nesta área praticamente todos os casos onde é possível obter uma melhora da acuidade visual do paciente as lentes terão importante papel na reabilitação visual do paciente, então é indicado não somente para o ceratocone sozinho mas para a condição de pós-implante de anel, pós-crosslinking e até mesmo pós-transplante de córnea. A adaptação de lentes pós-implante de anel e pós-transplante é via de regra mais complexa e difícil que o ceratocone, naturalmente depende de cada caso. No entanto a possibilidade atualmente de adaptação de lentes esclerais (figura 2) que sobrepõe a córnea e o limbo e se apoiam na esclera (porção branca dos olhos) tem facilitado muito este tipo de dificuldade. Esta lente é inserida nos olhos do paciente com um fluido sem conservantes que promove um ecossistema saudável para a córnea e promove a sua saúde, desde que corretamente adaptada. 
Fig.2: Lente escleral (cortesia IOSB)

O outro problema decorrente da falta de opções para os pacientes que precisam do SUS ou de opções mais em conta para sua reabilitação visual é que nem todos os especialistas tem a mesma experiência, alguns inclusive não dedicam o tempo e o estudo necessários para esta área por diversos motivos, por achar que já sabem o suficiente ou tudo, por não interessar a eles aprofundar o tema e também por não ser sua área de interesse e foco. No entanto existem vários hospitais públicos e bancos de olhos que possuem ambulatórios de adaptação de lentes de contato que prestam este serviço. É importante também louvar a medicina e em especial a oftalmologia brasileira que mesmo com a falta de investimentos na saúde pública luta como pode para proporcionar um atendimento digno e de qualidade, dentro do possível, para o maior número de pessoas. Como mostra o censo oftalmológico realizado pelo CBO em 2011 o Brasil tem oftalmologistas de sobra para o atendimento de toda a população, falta no entanto condições de criar um projeto público que dê segurança e condições para possa ocorrer uma descentralização dos médicos que estão em sua maior parte nos grandes centros urbanos. Isso ocorre justamente pela falta de investimentos e de garantias para que os médicos possam exercer as suas atividades com segurança no interior. Hospitais e postos de saúde equipados e um plano de carreira com salários dignos a profissão seriam fundamentais para uma mudança que melhor atenderia o povo brasileiro.

Um pequeno gesto para ajudar a alguns

O Instituto de de Olhos Dr.Saul Bastos tem uma proposta para ajudar ao menos a alguns pacientes este ano a ter a sua reabilitação visual sem qualquer custo. A ideia começou ser estudada em 2014 e deve ser implementada ainda neste primeiro bimestre com as orientações de como proceder. A proposta é escolher um caso a cada dois meses para receber atendimento e adaptação de lentes pela equipe do IOSB sem nenhum custo absolutamente. Os casos que os candidatos preencherem os requisitos serão analisados e a escolha será de um paciente de qualquer localização no Brasil que receberá o atendimento, exames e adaptação de lentes sem qualquer custo envolvido. O candidato deverá preencher um formulário e enviar para o IOSB juntamente com algumas informações iniciais sobre o caso, como um histórico, exames prévios se houver e comprovante de atendimento por hospital público. 

Os critérios para a escolha dos candidatos a receber o benefício serão definidos pela equipe do IOSB que fará a doação das lentes para a adaptação. O IOSB convida a todos oftalmologistas dedicados a adaptação de lentes de contato para para participar.

Um pequeno gesto para que ao menos algumas pessoas possam também ter a chance de melhorar a sua visão, com uma melhoria na qualidade de vida e da sua dignidade como ser humano e cidadão.

Dr. Marcelo Bittencourt - CREMERS 9683
Diretor Clínico

Luciano Bastos
Diretor & Instrutor Clínico de LC Especiais
Instituto de Olhos Dr. Saul Bastos