EXCELÊNCIA EM REABILITAÇÃO VISUAL COM LENTES DE CONTATO ESPECIAIS

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domingo, 7 de julho de 2013

Ceratocone e Lentes de Contato - Revisões de Rotina

O sucesso de uma clínica especializada na reabilitação visual de pacientes com ceratocone, entre outras patologias, com o uso de lentes de contato especiais mede-se em parte pelo volume de pacientes desta natureza e pela resolução de casos de alta complexidade nos quais alguns pacientes já estiveram em diversos especialistas sem obter um resultado satisfatório. É comum os pacientes relatarem consultas com outros especialistas que tentaram adaptar lentes sem resultado ou que foram sugeridos a eles alternativas cirúrgicas para o ceratocone.

As alternativas cirúrgicas que os pacientes buscam visam, na imensa maioria dos casos, uma solução final para o ceratocone. Alguns pacientes são beneficiados com cirurgias como a do implante de anel ou transplante de córnea por exemplo, mas não é a regra infelizmente. Embora a fé, o pensamento positivo e especialmente a confiança que pacientes e familiares tem no cirurgião, grande parte dos casos terão ainda que utilizar algum meio de correção óptica para o restabelecimento da acuidade visual. Normalmente as lentes RGPs especiais irão ter importante papel nestes casos e as lentes esclerais também são outra alternativa interessante. O que leva estes pacientes a procurarem alternativas cirúrgicas que não garantem uma acuidade visual como a que as lentes especiais proporcionam é justamente a dificuldade com as diferentes lentes disponíveis. Isso torna-se ainda pior se as expectativas do paciente e por consequência de seus familiares não são atingidas. Quando são atingidas é ótimo, quando não são... 


Fig.1: Lente Ultracone - Excelência no ceratocone (Cortesia IOSB). 


Os pacientes de ceratocone geralmente tem em seu histórico uma luta travada com lentes de contato rígidas que muitas vezes irritaram, machucaram ou simplesmente não se adaptaram. O interessante é que estes tiveram, e ainda tem, experiências frustrantes com lentes de má qualidade e/ou incorretamente adaptadas e esperam por uma solução que lhes proporcione um fim para esta luta, uma solução que elimine o problema e remova a dependência do uso de lentes de contato. Estes pacientes são os melhores pacientes, costumo comentar com os oftalmologistas amigos e credenciados na Ultralentes, fabricante das lentes Ultracone, Ultraflat e Scleral Bastos. Quando apresentados a estas lentes descobrem um mundo novo onde o conforto e a possibilidade de adaptarem-se as tão temidas lentes rígidas (RGPs) se tornam uma realidade viável.


A importância das Revisões de Rotina

As revisões de rotina servem para que o especialista possa ter um controle sobre a adaptação das lentes e sobre o estado atualizado da relação lente-córnea. Com elas as chances de se observar uma possível complicação futura e evitar que o paciente tenha que ser tratado e suspenda a utilização das lentes enquanto estiver tratando. As revisões de rotina são revisões preventivas e evitam a necessidade de revisões corretivas nas quais algum problema possa estar em curso. A prevenção sempre é o caminho mais saudável a seguir. O ideal seria uma visita a cada seis meses, mas levando em consideração de que o paciente é devidamente instruído, está bem adaptado com lentes de alta qualidade, é razoável uma consulta de revisão anual ao menos ou no máximo a cada 18 meses. Em casos de suspeita de progressão o ideal é que este prazo não ultrapasse seis meses.
Na nossa experiência, os pacientes de ceratocone adaptados com sucesso com lentes de contato especiais dividem-se basicamente em:

  • Fazem as revisões nos períodos indicados, mesmo estando tudo bem (pelo menos uma vez ao ano);
  • Fazem revisões apenas quando tem algum problema (as vezes levam alguns anos para retornar).

Embora seja uma recomendação geralmente dada aos pacientes de que retornem a clínica para as revisões de rotina muitos pacientes no IOSB ficam tão bem adaptados as lentes que simplesmente somem por alguns anos e sempre retornam quando estão com algum problema. Eventualmente estes pacientes vem inclusive usando suas lentes e com alguma ceratite ou mesmo pequena erosão de córnea. A primeira coisa que eles desejam é que o problema seja resolvido logo, fazendo o teste de novas lentes no mesmo dia ou que não é indicado devido as alterações da córnea induzidas pela(s) lente(s) que está em uso. O ideal, conforme o caso, é instruir o paciente a ficar sem lentes por alguns dias para que a córnea possa restabelecer-se e assim o novo teste será mais preciso. Se for apenas ceratite discreta, a simples interrupção do uso por três dias já é suficiente para a regeneração do epitélio e para o retorno da córnea em seu estado topográfico natural. Já em casos de pacientes apresentando uma ceratite mais significativa ou uma erosão de córnea o recomendado é que o oftalmologista prescreva uma medicação em forma de colírio e em gel (geralmente um gel ou pomada para regeneração epitelial e um antibiótico profilático) pelo período necessário, juntamente com a suspensão total do uso de lentes, geralmente de 3 a 7 dias dependendo da severidade do caso.

Um dos grande desafios que encontramos no IOSB é o fato de que temos muitos pacientes fora de Porto Alegre e mesmo de diversos outros estados. Estes pacientes muitas vezes não dispõem de tempo para aguardar ou retornar após o tratamento e precisam ser reavaliados. Por esta razão recomendamos a estes pacientes que antes de vir consultar suspenda o uso de suas lentes por no mínimo 48 hs antes da consulta, isso facilita muito a avaliação. Aqui o paciente pode ser avaliado no local com a sua própria lente ou então  realizados novos testes e exames como a topografia de córnea ou tomografia de segmento anterior.


Excelência na Adaptação e Readaptação de Lentes Especiais

Uma das razões pelas quais os pacientes tratados no IOSB e adaptados ou readaptados com lentes especiais podem contar com longos períodos de tranquilidade é que além de serem adaptados com lentes de alta tecnologia e com métodos de última geração é que eles são bem instruídos quanto ao uso, ao cuidado e limpeza correta de suas lentes. O paciente que é bem adaptado, com lentes de alta qualidade e bem instruído quanto aos cuidados com seus olhos e suas lentes terá maior longevidade de sucesso e tranquilidade com a adaptação.

Fig.2: Padrão de Fluoresceína de uma lente Ultracone


É interessante mencionar que há casos onde os pacientes do IOSB permanecem utilizando as mesmas lentes por muitos anos, na média em torno de 2 a 3 anos, mas há casos (exceções) de pacientes utilizando as mesmas lentes RGPs por 4, 6, 8, 10 e até 12 anos (estes três últimos adaptados ainda por meu pai, Dr. Saul Bastos). Na figura 3, o estado de uma das lentes utilizada por 10 anos. O ideal é que os pacientes troquem suas lentes com uma frequência maior, garantindo assim uma qualidade de visão e conforto maior, assim como a segurança fisiológica da córnea.

Fig.3: Lente RGP Ultralentes com 10 anos de uso (cortesia IOSB).

Com que frequência deve-se trocar as lentes?

Em primeiro lugar é importante mencionar que cada caso deve ser observado individualmente. Existem pacientes que possuem uma lágrima com maior quantidade de mucina, estes tem uma maior tendência a formação de depósitos muco-proteicos na superfície da lente. Estes pacientes devem ser orientados a ter um cuidado maior na limpeza mecânica e química (solução multi-uso) de suas lentes. Com este cuidado as lentes poderão durar mais tempo, embora somente o acompanhamento poderá revelar como o paciente irá corresponder. Outra questão importante refere-se ao material utilizado na fabricação das lentes, observe que embora a lente na figura 3 esteja completamente riscada, não há uma formação evidente de depósitos mas sim a aderência de depósitos nas ranhuras causadas pelo longo tempo de uso e manuseio (limpeza, colocação, inserção, etc.).

Nos casos onde houver constatação de progressão do ceratocone, com a presença de toque central no padrão de fluoresceína, a lente deve ser imediatamente trocada devido a possibilidade de fazer lesão epitelial. O paciente deverá ser orientado a suspender o uso de suas lentes e retornar para novo exame, desta maneira tem-se uma atualização segura do estado da córnea e controle sobre a adaptação. Outra situação é a constatação de que há presença de imperfeições na lente, um trincado, borda com pequena quebra, etc. pois estas lentes poderão machucar a córnea do paciente.    

Procure sempre programar suas revisões de adaptação com antecedência, marque a consulta de revisão e imediatamente coloque em sua agenda, no celular, smart-phone ou um lembrete no espelho/geladeira, mas não esqueça de ir. As chances de complicações do uso de lentes decaem sensivelmente se você tiver o cuidado de seguir as orientações do seu especialista e se fizer as revisões com a frequência necessária.

Para concluir, uma frase célebre de meu pai: 

"Nós nunca estragamos os olhos de nenhum paciente."
Dr. Saul Bastos - In Memoriam



Luciano Bastos
Diretor & Instrutor Clínico de LC Especiais