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sábado, 8 de maio de 2010

Lentes de Contato no Ceratocone e no Pós-Transplante de Córnea

Este ano de 2010 tive que postergar um curso que havia planejado fazer na Inglaterra, parte de meu aperfeiçoamento na tecnologia de lentes esclerais e semi-esclerais gás permeáveis. O principal motivo foi de ter compromissos com diferentes associações e instituições de oftalmologia.

O primeiro foi uma honra, fui convidado a participar e colaborar em um curso avançado de lentes de contato no Rio de Janeiro, promovido pelo Prof. Flávio Resende e pelo Prof. Brunno Dantas na PUC-Rio, juntamente com outros ilustres oftalmologistas que irão apresentar o que há de mais avançado na área e que será realizado no final deste mês de Maio. Simultaneamente estou colaborando com a equipe de oftalmologistas do IOSB, em especial o Dr. Marcelo Bittencourt e Dra. Juliana Pozza, na elaboração de apresentações de casos clínicos avançados de adaptação de lentes de contato em ceratocones avançados e extremos. Fora estes compromissos, devo participar de outros eventos como colaborador na técnica de lentes de contato para casos de alta complexidade corneana, casos de ceratocone, pós-implante de anel intra-estromal, pós-transplante de córnea, pós-cirurgia refrativa e pós-trauma, além dos casos de utilização terapêutica de lentes esclerais e semi-esclerais.

Pois na pesquisa extensa de casos do IOSB para compor estes trabalhos, me deparei com casos muito interessantes que merecem comentários. Em alguns casos de pós-transplante de córnea que temos, a dificuldade de adaptar lentes é ainda maior que nos casos de ceratocone avançado ou mesmo extremo.

Muitas vezes o paciente que tem indicação ao transplante de córnea tem a expectativa de obter uma acuidade visual melhor no pós-operatório e após a completa recuperação mas nem sempre isso ocorre como esperado. É importante mencionar que o esperado e que geralmente ocorre é o paciente ter a oportunidade de obter uma acuidade visual satisfatória de óculos (pelo menos) ou então de usar lentes de contato RGPs de razoável complexidade, até aí tudo bem. No entanto existem casos onde após a cicatrização, retirada ou queda dos pontos a córnea fica com uma irregularidade maior ou mais ampla que antes quando tinha apenas a ectasia corneana ou o ceratocone. Existem casos em que o paciente apresenta um enxerto bem cicatrizado, sem complicações maiores mas a irregularidade da topografia corneana aparece em toda a extensão da nova córnea e ao redor da mesma, o que oferece as vezes uma terrível dificuldade para a adaptação de lentes de contato, mesmo a Ultraflat, lente que frequentemente utilizamos para este tipo de situação. Existem casos onde a córnea apresenta uma elevação topográfica similar ao ceratocone, mas não se trata de ectasia e sim do formato mais oblado em forma de cone, mas não ectásico e com uma paquimetria (espessura da córnea medida em micras) normal. O que fazer? Há especialistas que sugerem a aplicação de cirurgia refrativa por foto-ablação (laser) e outros que poderão decidir pela topoplastia ou mesmo um novo transplante. Mas e o paciente?

Não é incomum no IOSB termos que recorrer a lentes que são a princípio específicas para o ceratocone como forma de obter um padrão de adaptação melhor, sobrepondo as dificuldades encontradas pela irregularidade corneana, com alto grau de astigmatismo irregular e curvaturas altas que lembram aquelas encontradas em casos de ceratocone moderado ou alto. Em certos casos estamos adaptando com grande sucesso a nova lente ULTRACONE SSB que é uma lente RGP semi-escleral com diâmetros que variam entre 14.5 a 18.5 mm. e com elas pudemos manter a saúde fisiológica corneana, oferecer conforto e uma melhor acuidade visual para o paciente, eliminando praticamente todo o astigmatismo irregular corneano.

Na nossa opinião, o transplante de córnea é um procedimento seguro e as técnicas disponíveis avançaram muito nos últimos anos, os cirurgiões estão a cada dia mais bem preparados e com uma curva de experiência maior. Entretanto em casos de ceratocone nos quais o paciente tem uma córnea sem opacidades importantes (que não podem ser tratadas) e mesmo que casos avançados, o ideal seria a adaptação de lentes como a Ultracone Extreme, que pode ser adaptadas em praticamente todos os casos avançados com curvaturas de valores até 65 dioptrias, e em alguns casos extremos com valores absolutos maiores que 80 dioptrias. Alguns de nossos pacientes no IOSB tem indicação relativa de transplante por estarem com uma paquimetria baixa, mas seguem usando suas lentes Ultracone Extreme sem complicações e estas lentes por serem de diâmetros maiores e não tocarem o ápice do cone protegem a córnea e garantem sua saúde fisiológica. Estes pacientes em sua maioria são enfáticos em dizer que não querem submeter-se ao transplante, deixando esta opção para um último recurso quando a lente Ultracone não mais puder ajudá-los.

As vezes o paciente submetido ao transplante imagina estar livrando-se de um problema, mas pode em alguns casos estar rumo a outro problema de igual ou ainda maior complexidade, por este motivo que é preciso ter cautela em indicações de transplante em casos onde lentes de contato RGPs de alta qualidade e tecnologia como a lente Soper, Rose K e Ultracone podem ser adaptadas com sucesso, talvez apenas seja uma questão de encontrar o especialista correto para isso.

Em nome da equipe de oftalmologistas do IOSB agradeço aos emails e presentes recebidos pelo dia do oftalmologista. Poder ajudar vocês é uma dádiva a qual agradecemos todos os dias, talvez seja por esta razão que os pacientes do IOSB sejam como uma grande família.

Felicidades a todos!

Luciano Bastos
Diretor & Instrutor Clínico de LC IOSB
Diretor & Consultor em LC RGPs Ultralentes
Técnico em LC pela CLAO (Contact Lens Association of Ophthalmologists - EUA)

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