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sábado, 30 de julho de 2011

Lente Escleral SB - Homenagem ao Dr. Saul Bastos

Dia 30 de Julho de 2008 a Ultralentes de maneira inédita no Brasil, lançou oficialmente as novas lentes de contato asféricas semiesclerais  Semi-Scleral Bastos (SSB) e esclerais Scleral Bastos (SB). A lente SSB varia de diâmetros entre 14.0 mm a 16.0 mm. e as SB de 16.5 a 21.5 mm. Embora o conceito de lentes esclerais seja antigo quando eram feitas de material sem oxigenação (acrílico), existe um renascimento desta tecnologia de alguns anos para cá utilizando materiais de altíssima permeabilidade ao oxigênio, possibilitando a utilização destas lentes nas mais variadas patologias da córnea, para finalidade não somente de correção óptica de defeitos visuais corneanos mas como também para utilização terapêutica em uma série de patologias que afetam a superfície ocular. O potencial é grande e é possível que com o tempo novas utilizações surjam destas tecnologias.

Estamos por exemplo estudando o que chamamos de D.E.L. que seria Drug Elluting Lens que poderia servir como uma lente terapêutica que libera o medicamento nas dosagens corretas e junto com um fluido especial mantém a hidratação da superfície ocular, mantendo-a saudável. Outro estudo que estamos desenvolvendo na Ultralentes e no IOSB por enquanto teórico é a utilização destas lentes em pacientes com ceratoprótese e córnea artificial que assim como nos casos pós-transplante poderão exercer um papel importante na rejeição ou na garantia de lubrificação do enxerto e dos meios externos do olho.

Tudo isso somente foi possível porque em 2002/2003 meu pai me pediu que eu começasse a estudar as lentes esclerais. Ele me indicou alguns especialistas os quais foram professores dele nos EUA e na Inglaterra para que eu pudesse aprender com eles. Embora na época mais focado em aprimorar o desenho da lente Ultracone e da Ultraflat, me obriguei a iniciar estes estudos. Em Fevereiro de 2003 contatei um destes especialistas que sugeriu que eu lesse alguns trabalhos dele e que depois passasse três meses com ele nos EUA aprendendo sobre esta tecnologia das lentes esclerais.  De lá para cá a quantidade de informações foi aumentando ao ponto de eu ter escrito uma espécie de livro no qual relatei todo meu progresso e fiz uma espécie de resumo com as principais partes que me interessavam e este tem sido meu guia até hoje, além da extensa biblioteca sobre o tema que fui juntando com os livros do meu pai e outros que comprei.

Em Setembro de 2005, cerca de um ano após o falecimento do meu pai, Saul Bastos, a equipe de oftalmologistas do IOSB e eu compreendemos a visão que meu pai tinha sobre estas lentes e observamos os casos os quais estas lentes teriam importante papel para a reabilitação visual e tratamento terapêutico de algumas patologias da superfície ocular. Foi justamente neste mesmo mês que a Ultralentes passou a fabricar e desenvolver os primeiros protótipos destas lentes. A curva de aprendizado é longa e extremamente trabalhosa, mas os resultados são muito compensadores. No dia 30 de Julho de 2008 a Ultralentes oficialmente lançou as lentes aos oftalmologistas certificados, embora essa seja ainda uma tarefa um pouco complicada pois este tipo de adaptação requer do especialista um treinamento especial, é uma adaptação completamente diferente da que estão acostumados com as lentes de contato rígidas gás permeáveis (RGPs) corneanas. Logo, a certificação destes especialistas deve ser obrigatoriamente aos poucos na medida que pudermos organizar treinamentos ou cursos específicos. Embora o tema da adaptação de lentes esclerais e semiesclerais já venha sendo tratado em alguns congressos de oftalmologia, ainda não há uma aula sobre como de fato adaptar estas lentes. São poucos os especialistas que estão adaptando estas lentes, alguns estão utilizando lentes importadas e isso é normal, no IOSB nos primeiros anos também utilizamos lentes semiesclerais e esclerais importadas, mas para toda lente importada para testar em um paciente outra era feita na Ultralentes para comparação. Com a utilização de métodos científicos (teste duplo cego cruzado) pudemos observar que os resultados com as lentes Ultracone SSB e Ultraflat SSB estavam superando os demais testes e isso foi uma experiência significativa e teve forte impacto na linha de fabricação da Ultralentes. Hoje tem alguns especialistas que trabalham com a Ultralentes testando e adaptando estas lentes, esperamos que até o final do ano mais clínicas e hospitais possam contar com esta tecnologia em breve.

Eu quero dedicar esta nossa conquista a meu pai, Saul Bastos, sem ele nada do que fazemos seria possível.  Nada melhor do que essa dedicação ser no dia do aniversário dele. De todos os mentores que tive a oportunidade de conviver, meu pai foi um dos mais importantes, assim como Joseph W. Soper que foi um grande amigo e professor, eles irão estar sempre na minha lembrança e no meu coração. Escrevo agora olhando para o retrato dos dois na parede, e penso que bom que ainda tem alguns destes mentores vivos e com saúde. Meu pai me ensinou que estamos nessa vida para aprender, e ficar na zona de conforto não é uma coisa que me passa pela cabeça. Estamos sempre aprendendo, devo lembrar-me de que a humildade de querer aprender, testar, experimentar, trocar idéias com outros é o melhor caminho para manter-se no rumo e com isso ajudar a cada vez mais pessoas.

Obrigado pai, por tudo.

Luciano Bastos
30/07/2011

Obs. O nome das lentes são homenagens a meu pai (Saul Bastos), o SB de Scleral Bastos e SSB também.

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